quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Polícia Civil indicia 4 policiais por morte de cantor sertanejo, em Goiás


Boni Júnior foi assassinado na rodovia GO-515, em 28 de outubro de 2012.
Segundo delegados, militares forjaram cena do crime para incriminar vítima.
Boni Júnior foi assassinado, diz inquério policial
(Foto: Arquivo pessoal)
A Polícia Civil concluiu o inquérito da morte do cantor sertanejo José Bonifácio Sobrinho Júnior, conhecido como Boni Júnior, e indiciou quatro policiais militares pela morte do artista. O crime aconteceu em 28 de outubro de 2012, na GO -515, entre Panamá e Goiatuba, na região sul de Goiás. 
Um cabo e um soldado do Grupo de Patrulhamento Tático da Polícia Militar de Goiatuba vão responder por homicídio e fraude processual. Já um soldado e um sargento da cidade de Panamá responderão por fraude processual, aponta o documento. O inquérito será encaminhado nesta quarta-feira (20) ao Poder Judiciário de Goiatuba e à Corregedoria da Polícia Militar de Goiás.
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Os delegados que investigaram o caso, Ricardo Chueire e Gustavo Carlos Ferreira, afirmaram que tanto o laudo da Polícia Técnico Científica quanto a reconstituição do crime apontam que o confronto foi forjado. “A perícia prova que os próprios militares plantaram a arma na cena do crime, como sendo ela pertencente ao cantor, e ainda atiraram com a mesma arma contra as viaturas para forjar o confronto e justificar a morte de um homem desarmado”, ressalta Ricardo Chueire. 
Versão dos policiais
Na época do acidente, os PMs contaram que o cantor estaria fazendo manobras perigosas na cidade de Panamá e, quando percebeu a presença da polícia, teria tentado fugir para Goiatuba. De acordo com eles, uma barreira foi montada na pista para deter o músico, mas ele não teria parado e bateu no carro da polícia. Os PMs contaram também que Boni Júnior atirou contra os carros da polícia e, por isso, os militares teriam disparado contra o carro que ele conduzia.
A família da vítima contestou a versão apresentada pelos militares. “Meu filho nunca portou arma de fogo. Ele não era bandido. Era cantor, músico e intérprete. A única arma dele era o violão”, ressalta a mãe.
Reconstituição
O delegado Ricardo Chueire comenta ainda que seria fisicamente impossível Boni ter atirado. “A reconstituição mostrou que um indivíduo sentado e dirigindo em alta velocidade não teria posicionamento para acertar os dois carros ocupados pelos policiais e mostra que quem atirou contra as viaturas estava em pé e próximo a elas”, descreve.
De acordo com o inquérito, os policiais de Panamá chegaram depois da morte de Boni na cena do crime. Eles ajudaram os colegas de Goiatuba a forjar o falso confronto para justificar o assassinato da vítima, aponta a investigação policial. “A equipe da cidade vizinha estava em perseguição à vítima desde Panamá, onde uma confusão teria começado após ele fazer manobras perigosas”, afirmou Ricardo Chueire.
Segundo os delegados responsáveis pelo caso, a exumação do corpo do cantor não gerou uma prova conclusiva, pois o projétil extraído do corpo dele estava muito amassado e impossibilitava a comparação com armas apreendidas e fornecidas pela PM de Goiatuba.g1.

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