quarta-feira, 10 de abril de 2013

Empresário teria comprado fazenda de R$ 10 milhões para lavar dinheiro


Propriedade foi adquirida em nome de laranja. Ministério Público pediu bloqueio de bens e imóveis à Justiça de Apucarana.
Um dos empresários presos em Apucarana durante a Operação Jolly Roger, na terça-feira (9), teria adquirido uma fazenda de R$ 10 milhões em nome de um laranja, com o objetivo de lavar parte do dinheiro obtido no esquema de falsificação de produtos e de sonegação fiscal. Esta foi uma das revelações feitas pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em entrevista coletiva concedida na manhã desta quarta-feira (10), na sede do Ministério Público (MP) em Londrina.
A sonegação de impostos federais, como PIS/Cofins, Imposto de Renda e IPI, motivaram a entrada daReceita Federal nas investigações. Segundo o delegado do órgão em Londrina, Luis Fernando da Silva Costa, foram identificados indícios de ocultação de bens, além de contratos particulares de compra e de venda e escrituras de imóveis e de uma movimentação financeira incompatível com o valor declarado. O MP pediu à Justiça de Apucarana o bloqueio destes imóveis.
De acordo com o promotor Renato de Lima Castro, oito empresas de Apucarana pagavam valores entre R$ 3 mil e R$ 5 mil cada para os policiais todos os meses. O valor da propina era pago para que os policiais avisassem os empresários sobre futuras operações de fiscalização contra falsificações. Desta forma, eles escapariam dos fiscais, que atuariam de forma mais intensa contra as pequenas fábricas.
As propinas eram pagas em dinheiro, mas a origem do valor foi identificada em cheques de terceiros. “Existe um sistema financeiro paralelo de operacionalização dos pagamentos e das práticas comerciais que são praticadas no âmbito das empresas”, declarou a promotora Leila Voltareli.
Segundo ela, o repasse de cheques de terceiros dificultaria a identificação de irregularidades. Em apenas uma das empresas foram encontrados mais de R$ 2 milhões em cheques. Esteves acrescentou que o volume milionário só era depositado em contas bancárias quando imóveis e outros bens eram adquiridos pela quadrilha em nome de laranjas.
Entenda o caso
O delegado-chefe da Polícia Civil de Apucarana, Valdir Abrahão, dois policiais civis e mais 21 pessoas foram presas na terça-feira (9) acusadas de manterem um grande esquema de falsificação de produtos, de sonegação fiscal e de pagamento de propina. As prisões foram efetuadas pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) durante a operação Jolly Roger. A operação integrou ação nacional do MP que desarticulou, em 12 estados, quadrilhas que desviaram mais de R$ 1,1 bilhão dos cofres públicos. No Paraná, o desfalque pode chegar a vários milhões de reais.
Em Apucarana, o esquema funcionava com a participação de policiais. Segundo as investigações, além do delegado-chefe, o superintendente Edson Sanches Antunes e o investigador Sebastião Vanderleireceberiam propina para fazer vistas grossas à fabricação dos produtos falsificados de grandes empresários, enquanto apertavam a fiscalização em pequenas fábricas.
O esquema teria começado em 2012, depois da realização de operações de combate à falsificação na cidade. Vendo a potencialidade dos empresários, os policiais passaram a oferecer “proteção” em troca de dinheiro. Segundo o promotor Cláudio Esteves, o pagamento de propina era realizado mensalmente e em dinheiro.
Durante quatro meses de investigação, a relação próxima entre os policiais e empresários foi flagrada, inclusive com imagens, pelo MP. “Temos elementos consistentes dessa relação, inclusive com filmagens, declarações e apreensões de produtos”, disse Esteves.gazeta maringa.

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